Indicador
implacável da “face oculta”, o gesto espontâneo que irrompe do ser, no trato
com os semelhantes, sempre que lhe é possível a autenticidade, denuncia a
legítima posição espiritual em que ela se situa. No degrau mais abjeto de seu
mundo íntimo, junto aos piores instintos, cultiva o ser a sua intolerância por mãe de todas as mazelas que lhe
infelicitam a vida.
Doentia, a intolerância é sempre chaga aberta, não obstante a gaze da dissimulação e a faixa do verniz social.
Na sociedade, têmo-la no pensamento popular quando este salienta a superioridade racial, social e econômica desta ou daquela região do país, em detrimento das demais.
É a intolerância que leva, também, esta sociedade a tentar segregar, disfarçadamente, negros, índios e homossexuais, como formas inferiores de vida, ao tempo que lhe estimula a hipocrisia no preconceito não declarado.
É a intolerância que predispõe pais e filhos ao choque de gerações, que atiça a competição entre os cônjuges, que promove o desmoronamento do lar, que abre brechas à agressão e viabiliza as separações.
É ainda a intolerância que, dentro de qualquer setor, consolida o orgulho e a vaidade, gera o ciúme e a desconfiança, espalha o melindre e o despeito, faz naufragar projetos e compromissos, destrói tarefas e realizações, que fere, separa e inimiza, porque intolerância, do latim intolerantia, quer dizer intransigência, ou atitude odiosa e agressiva a respeito daqueles de cujo modo de ser divergimos.
Lori MSantos,
artigo "Intolerância", publicado na íntegra pelo Jornal Espírita,
FEESP
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