O Eu lírico é um termo usado dentro da literatura para demonstrar o pensamento geral daquele que está narrando o texto; a junção de todos os sentimentos, expressões, opiniões e críticas feitas pela pessoa superior ao texto, que no caso seria o narrador e/ou a pessoa central ao qual o texto está se referindo. O Eu-lírico é o "eu" que fala na poesia. É geralmente muito usado em textos de gênero lírico, que são caracterizados por expressar, mas não necessariamente, os sentimentos do autor.
Exemplos
Pensando na Holanda, vejo largos rios a atravessarem lentamente as infinitas planícies —Hendrik Marsman |
Neste poema, o eu-lírico demonstra seu patriotismo e amor pelo seu país, a Holanda. O eu-lírico expressa os sentimentos do poema. Se o autor não fosse holandês, o eu-lírico seria. Muitas vezes, o autor "exporta" para o eu-lírico os seus desejos (no caso, se o autor não fosse natural da Holanda, o eu-lírico seria).
Então, para reforçar, não adianta procurar o significado no dicionário – e nem mesmo em muitas gramáticas e livros de literatura. O Eu-lírico é quando o poeta expressa sentimentos que não sentiu necessariamente, ou sentiu com uma outra intensidade da realidade, tratando-se então de não ser seu “eu” real, mas de um “eu” poético, ou lírico. A palavra lírico origina-se de um instrumento musical antigo chamado lira. Este instrumento foi muito utilizado pelos gregos a partir do século XII a.C. Chamava-se lírica toda canção que era executada ao som da lira, inclusive as expressões poéticas. Porém, o século XV chegou e houve um afastamento do som lírico e da palavra poética, que passou a ser declamada. Podemos dizer que o eu-lírico é a voz que fala no poema e nem sempre corresponde à do autor. O eu-lírico pode ou não expressar as vivências efetivas do poeta, mas a validade estética do texto independe da sinceridade do mesmo. Os heterônimos de Fernando Pessoa podem ser considerados Eu-líricos. Um narrador-personagem pode ser considerado um Eu-lírico. Um poema sendo “falado” por uma pedra é um eu-lírico. O Eu-lírico é um recurso que possibilita a infinidade criativa dos sentimentos poéticos. Não limita as palavras em apenas um corpo, uma mente, um coração. Consegue pluralizar os sentidos. Assim podemos ser o que quisermos: uma pedra, um animal, uma árvore, outras pessoas. Explorar e incorporar sentimentos dos mais diversos como um ator faz com suas personagens.
Observe que a figura do eu lírico não se confunde com a figura do autor: um outro exemplo é uma escritora de setenta anos que escreve um poema no qual um menino de seis anos exprime suas emoções. Nesse caso, o eu lírico será o menino. Agora vamos exercitar
1 – Texto em estudo:
Tenho uma folha branca
e limpa à minha espera:
mudo convite
tenho uma cama branca
e limpa à minha espera:
mudo convite
tenho uma vida branca
e limpa à minha espera:
CÉSAR, Ana Cristina. Poesia marginal. São Paulo: Ática, 2008, p.33, (Coleção Para gostar de ler. V.39).
a)Observe a liberdade na construção dos versos e o sentido conotativo das palavras, que se repetem de forma quase idêntica.
Com que objetivo o eu lírico usou a repetição nesses versos?
Por que o verbo tenho parece colocar o eu lírico diante de um impasse?
b)Na primeira estrofe, o eu lírico sugere a criação literária como uma possibilidade de escolha.
Você acredita que o eu lírico aceita (ou pretende aceitar) o convite que lhe é feito? Justifique.
Pense de início em você e, depois, em um escritor, e descreva a sensação de quem precisa
ou deseja escrever algo, diante de uma folha em branco.
O que pode simbolizar a “folha branca e limpa” que se oferece como um convite?
c) Na segunda estrofe, o eu lírico se vê diante de um convite diferente do anterior.
O que pode representar esse convite se o considerarmos em contraste com o anterior?
A “vida branca e limpa” que espera o eu lírico, segundo a terceira estrofe, também constitui a escolha que o levará a experiências bem diversas das opções que ele tinha antes.
Em sua opinião, o que essa terceira opção pode oferecer ao eu lírico?
A seu ver, por qual desses convites seria mais interessante optar? Esclareça sua resposta.
Referências:
SARMENTO, Leila Lauar. Português: Literatura, gramática, produção de texto / Leila Lauar Sarmento, Douglas Tufano. 1ª ed. São Paulo. Ed. Moderna. 2010.
Eu quero a respostaa vocês não tem como me passar ?
ResponderExcluir