terça-feira, 30 de agosto de 2011

Interpretação de textos - para o ensino médio


Olá! Existem sites e blogs que realmente são construtivos e auxiliam bastante aos educadores e educandos. Desta forma, resolvi postar uma atividade interessante que encontrei nessas viagens virtuais. Vale a pena conferir e exercitar, até a próxima!

TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO
TOCANDO EM FRENTE

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz,
Quem sabe eu só levo a certeza
De que muito pouco eu sei
Ou nada sei
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor para poder pulsar
É preciso paz para poder sorrir
É preciso chuva para florir
Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu sou
Estrada eu vou
Todo mundo ama um dia
Todo mundo chora um dia
A gente chega e no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
E cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
TOCANDO EM FRENTE
(Almir Sater / Renato Teixeira)

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Após ler atentamente o texto, responda às questões:
1. Assinale mais de uma alternativa que esteja de acordo com o texto:
a. (   ) Para o poeta, a vida deve ser levada, tocada como uma boiada, pois não conseguimos entender a imprevisibilidade de ambas.
b. (   ) Só é possível ser feliz nesta jornada, depois de um toque de Deus, o velho boiadeiro, que nos impulsiona pela longa estrada da vida.
c. (   ) Só através do choro individual e de outros é que descobrimos o valor de um sorriso.
d. (   ) Manhãs, maçãs e chuva fazem parte da nossa história, já que não somos donos do nosso destino.
e. (   ) Segundo o poeta, para se viver, é necessário entender o andamento da jornada e continuar vivendo.

2. Marque as afirmativas com V para verdadeiro e F para falso, de acordo com o texto:
a. (   ) Viver é uma aprendizagem, fruto da observação atenta das alegrias e dos sofrimentos pelos quais passamos.
b. (   ) Ser feliz é o destino de todos os seres humanos, independendo das chegadas e das partidas.
c. (   ) A consciência do significado da vida e o dom da capacidade de construirmos a nossa história nos deixa mais fortes, mais felizes.
d. (   ) O poeta tem hoje um sorriso de serenidade porque nunca levou a vida com ligeireza.
e. (   ) Para podermos saborear a vida, precisamos vivenciar a paz e o amor, entre outros fatores que nos mostram que é possível compormos a nossa história com serenidade.

Assinale a única alternativa correta:
3. Há várias comparações no texto que nos leva a concluir que o poeta fala:
a. (   ) da boiada
b. (   ) do boiadeiro
c. (   ) do sabor das frutas
d. (   ) dos dias vividos
e. (   ) do dom da felicidade de cada um de nós
4. Nos versos 5 e 6, o poeta demonstra que se considera um homem:
a. (   ) orgulhoso
b. (   ) sem cultura
c. (   ) experiente
d. (   ) humilde
e. (   ) sem rumo definido.

Responda com suas palavras:
5. Como era a vida do poeta no passado? Comprove sua resposta com versos da poesia.


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Eu lírico

Eu lírico é um termo usado dentro da literatura para demonstrar o pensamento geral daquele que está narrando o texto; a junção de todos os sentimentos, expressões, opiniões e críticas feitas pela pessoa superior ao texto, que no caso seria o narrador e/ou a pessoa central ao qual o texto está se referindo. O Eu-lírico é o "eu" que fala na poesia. É geralmente muito usado em textos de gênero lírico, que são caracterizados por expressar, mas não necessariamente, os sentimentos do autor.
Exemplos
Temos como exemplo o poema do poeta holandês Hendrik Marsman Herinnering aan Holland  (português: Lembrança da Holanda) de 1936 encontra-se entre os mais conhecidos poemas neerlandeses.
Pensando na Holanda, vejo largos rios a atravessarem lentamente as infinitas planícies
—Hendrik Marsman
Neste poema, o eu-lírico demonstra seu patriotismo e amor pelo seu país, a Holanda. O eu-lírico expressa os sentimentos do poema. Se o autor não fosse holandês, o eu-lírico seria. Muitas vezes, o autor "exporta" para o eu-lírico os seus desejos (no caso, se o autor não fosse natural da Holanda, o eu-lírico seria).
Então, para reforçar, não adianta procurar o significado no dicionário – e nem mesmo em muitas gramáticas e livros de literatura. O Eu-lírico é quando o poeta expressa sentimentos que não sentiu necessariamente, ou sentiu com uma outra intensidade da realidade, tratando-se então de não ser seu “eu” real, mas de um “eu” poético, ou lírico. A palavra lírico origina-se de um instrumento musical antigo chamado lira. Este instrumento foi muito utilizado pelos gregos a partir do século XII a.C. Chamava-se lírica toda canção que era executada ao som da lira, inclusive as expressões poéticas. Porém, o século XV chegou e houve um afastamento do som lírico e da palavra poética, que passou a ser declamada. Podemos dizer que o eu-lírico é a voz que fala no poema e nem sempre corresponde à do autor. O eu-lírico pode ou não expressar as vivências efetivas do poeta, mas a validade estética do texto independe da sinceridade do mesmo. Os heterônimos de Fernando Pessoa podem ser considerados Eu-líricos. Um narrador-personagem pode ser considerado um Eu-lírico. Um poema sendo “falado” por uma pedra é um eu-lírico. O Eu-lírico é um recurso que possibilita a infinidade criativa dos sentimentos poéticos. Não limita as palavras em apenas um corpo, uma mente, um coração. Consegue pluralizar os sentidos. Assim podemos ser o que quisermos: uma pedra, um animal, uma árvore, outras pessoas. Explorar e incorporar sentimentos dos mais diversos como um ator faz com suas personagens.

Observe que a figura do eu lírico não se confunde com a figura do autor: um outro exemplo é uma escritora de setenta anos que escreve um poema no qual um menino de seis anos exprime suas emoções. Nesse caso, o eu lírico será o menino. Agora vamos exercitar

1 – Texto em estudo:

        Tenho uma folha branca
        e limpa à minha espera:
         mudo convite
           
     tenho uma cama branca
      e limpa à minha espera:
      mudo convite

    tenho uma vida branca
       e limpa à minha espera:
CÉSAR, Ana Cristina. Poesia marginal. São Paulo: Ática, 2008, p.33, (Coleção Para gostar de ler. V.39).

a)Observe a liberdade na construção dos versos e o sentido conotativo das palavras, que se repetem de forma quase idêntica.
 Com que objetivo o eu lírico usou a repetição nesses versos?
Por que o verbo tenho parece colocar o eu lírico diante de um impasse?

b)Na primeira estrofe, o eu lírico sugere a criação literária como uma possibilidade de escolha.
Você acredita que o eu lírico aceita (ou pretende aceitar) o convite que  lhe é feito? Justifique.
Pense de início em você e, depois, em um escritor, e descreva a sensação de quem precisa
ou deseja escrever algo, diante de uma folha em branco.
 O que pode simbolizar a “folha branca e limpa” que se oferece como um convite?

c) Na segunda estrofe, o eu  lírico se vê diante de um convite diferente do anterior.
O que pode representar esse convite se o considerarmos em contraste com o anterior?
A “vida branca e limpa” que espera o eu lírico, segundo a terceira estrofe, também constitui a escolha que o levará a experiências bem diversas das opções que ele tinha antes.
 Em sua opinião, o que essa terceira opção pode oferecer ao eu lírico?
A seu ver, por qual desses convites seria mais interessante optar? Esclareça sua resposta.


Referências:
SARMENTO, Leila Lauar. Português: Literatura, gramática, produção de texto / Leila Lauar Sarmento, Douglas Tufano. 1ª ed. São Paulo. Ed. Moderna. 2010.